quinta-feira, 13 de maio de 2010

Tabea Zimmermann - Harold en Italie, op. 16 - Berlioz

Harold en Italie, op. 16, é uma obra sinfónica para viola solo e orquestra, composta por Hector Berlioz em 1834.
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Niccolò Paganini, compositor e violinista virtuoso, após adquirir uma soberba viola Stradivarius, incentivou o compositor Berlioz a escrever a obra Harold en Italie. Berlioz começou a compor para viola solo, envolvendo também a orquestra, de modo a não reduzir a eficácia da sua contribuição. Quando Paganini viu o esboço, não aceitou, pois esperava tocar continuamente a solo. Acabaram-se por se separar, deixando Paganini decepcionado. Mais tarde reconciliaram-se, quando Paganini se apercebeu da qualidade da obra musical.

Efectivamente Harold en Italie não é um concerto para viola - daí o espanto inicial de Paganini. A parte de viola é na verdade livre de um extremo exibicionismo técnico. A obra acaba por ser uma obra sinfónica para viola solo e orquestra, dividida em quatro andamentos:

I. Harold aux montagnes (Harold nas montanhas) - Cenas de melancolia, felicidade e alegria de Harold nas montanhas. A orquestra (violoncelos e contrabaixos) instala logo um clima sombrio e misterioso num andamento fortemente cromatizado, dando lugar a uma melodia nas madeiras, até que a viola se apresenta na íntegra com o tema de Harold, a denominada ideia fixa. O andamento continua a sua subida em alegria com um efervescente e implacável allegro, permitindo a viola reafirmar a ideia fixa, sobrepondo-se a um outro fugato, antes de acelerar o ritmo levando o andamento ao fim.

II. Marche des pélerins chantant Prière du soir (Marcha dos peregrinos cantando o hino à noite) - É a evocação de uma procissão de peregrinos no campo, escutando-se a marcha ao longe que se aproxima e depois se afasta. O andamento é notável pelas suas modulações ousadas. A viola entra novamente na secção do meio, liricamente apresentando a ideia fixa na periferia da marcha, antes de assumir um papel de acompanhamento - como uma procissão que se move para longe.

III. Sérénade d'un montagnard des Abruzzes à sa maîtresse (Serenata de um alpinista dos Abruzzos à sua amante) – Começa com uma réplica exacta de "gaitas" italianas. O efeito rústico é concluído totalmente com a introdução da melodia principal (a serenata) pelo corne inglês. A viola reafirma a melodia da ideia fixa e o movimento desenvolve-se com Berlioz a expor o contraponto entre as duas melodias. Termina o andamento num tom aparentemente pacífico.

IV. Orgie des brigands (Orgia de bandidos) – A introdução da viola lembra várias ideias temáticas dos andamentos anteriores, rudemente interrompido pelo acorde fortissimo de toda a orquestra - impetuoso ritmo que forma a orgia em si. Retoma a viola brevemente com a Marche des pélerins e uma declaração final do tema de Harold, como uma lembrança nostálgica do compositor.
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Harold em Itália estreou a 23 de Novembro de 1834 com a Orchestre de la Société des Concerts du Conservatoire, com Chrétien Urhan na viola, sobre a direcção de Narcisse Girard.

Dou-vos a conhecer a obra Harold en Italie, op. 16, com Tabea Zimmermann na viola e a orquestra de Paris, sob a direcção de Christoph Eschenbach - Sem dúvida uma obra encantadora…











Nota: A chefe de naipe das violas d’arco é a nossa querida violetista Portuguesa, Ana Bela Chaves, que há muitos anos integra a Orquestra de Paris!

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