Aida Carmen Soanea é uma talentosa e famosa violetista Romena. Nasceu no seio de uma família de cantores, optando desde cedo pela viola.
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Estudou com Mugur Popovici na escola George Enescu - Escola Especial de Música de Bucareste.
Mudou-se para a Alemanha em 1987, para estudar na Escola Superior de Música de Lübeck.
Começou a evidenciar-se como solista ao ganhar na Rússia o concurso de viola BASHMET no ano 2000, e o prémio Eduart Sörening na Alemanha, tornando-se num formidável talento da sua geração. Graças a este último prémio, foi concedido o uso de uma extraordinária viola, construída por Mario del Bussetto no século XVII, por um período de dez anos.
Em 2005, Aida ganha o 1º prémio no concurso de viola Valentino BUCCHI, em Roma.
Colaborou com prestigiados músicos tais como: Natalia Gutman, Kolja Blacher, Renaud Capuçon, Tabea Zimmermann, Adrian Brendel, Queyras Jean-Guihem, Alexander Melnikov, Ursuleasa Mihaela, entre muitos outros.
Aida Carmen foi solista com a Orquestra Juvenil Gustav Mahler, realizando concertos sob a direcção de Claudio Abbado, Pierre Boulez, Bernhard Haitink e Seiji Ozawa.
Em 2007 formou o quarteto Delos com o seu marido, o violoncelista Romain Gariod, dedicando parte importante da sua vida musical.
É igualmente convidada como solista e musico de câmara para se juntar a muitas orquestras e festivais de musica.
As seis Suites para Violoncelo de Bach foram compostas por volta de 1720 (desconhece-se a data exacta das composições), mas apenas conheceram a primeira impressão 100 anos mais tarde, em 1825. O propósito para que terão sido compostas é igualmente incerto, acreditando-se que terão sido criadas para dois violoncelistas da corte de Cöthen, onde Bach trabalhou: Bernard Linigke, que foi indubitavelmente o primeiro intérprete das Suites, e Karl Ferdinand Abel.
No plano formal, as Suites seguem o modelo da suite de danças, tendo sempre a seguinte sequência: Allemande – Courante – Sarabande – Menuets ou Bourrée ou Gavotte – Gigue. A principal diferença em relação à habitual sequência da suite de danças é a inclusão de Prelúdios na introdução de cada uma das seis suites, que constituem os números musicais mais inesperados e complexos destas seis obras. No geral, as danças são peças alegres e ligeiras de carácter, contrastando com este espírito principalmente as sarabandas (danças mais lentas), que são marcadas por uma expressividade geralmente mais intensa, grave, elegante e sóbria.
A principal riqueza e inovação destas obras consiste na ilusão harmónica criada pelas linhas melódicas de Bach. Embora Bach não tenha sido o primeiro compositor a escrever para violoncelo solo, o compositor germânico conseguiu, como mais ninguém até então, criar no violoncelo a ilusão do contraponto, da polifonia e da progressão harmónica (ao estilo do baixo cifrado do barroco) através de uma escrita idiomática para violoncelo em uma única linha melódica.
As Suites foram transcritas para vários intrumentos, nomeadamente para viola d'arco, existindo igualmente inúmeras interpretações destas obras.
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Deixo-vos um vídeo com uma entrevista a Maxim Rysanov, na qual o violetista interpreta partes da Suitenr.1 em SolM; Suite nr.4 em MibM e Suite nr.5 em Dóm de J. S. Bach.
Maxim Rysanov é um dos mais carismáticos violetistas internacionais, sendo regularmente convidado a actuar, como solista e músico de câmara, no Reino Unido e na Europa, nomeadamente em prestigiados festivais de música, como os de Lockenhaus, Cheltenham, Spitalfields e Aldeburgh, para além dos festivais Britten e Crescendo.
Colabora com outros destacados artistas, como Gidon Kremer, Viktoria Mullova, Janine Jansen, Maxim Vengerov e Giya Kancheli. No Reino Unido apresentou-se a solo no Royal Albert Hall, no Wigmore Hall, no Bridgewater Hall e em St. John’s Smith Square.
Nascido na Ucrânia, reside actualmente em Londres. Estudou na Escola Central de Moscovo e posteriormente na Guildhall School of Music and Drama de Londres. Foi premiado em vários concursos internacionais, incluindo os concursos de viola Lionel Tertis e Valentino Bucchi, o Concurso de Música de Câmara Carmel, o Haverhill Symphonya Soloist e na edição de 2005 do Concurso de Genebra.
O seu maior interesse é no repertório contemporâneo. Maxim Rysanov tem dedicado boa parte do seu tempo à promoção da nova música. Foram-lhe dedicadas várias composições, incluindo obras de Dobrinka Tabakova e Elena Langer e, mais recentemente, foi convidado a estrear o novo Duo Concertante, para viola e violoncelo, de Artyom Vassiliev, no Festival de Spitalfields, com a Britten Sinfonia.
Rysanov é um músico impressionante. É regularmente convidado a actuar como solistas com as mais prestigiadas orquestras e sob a direcção de conceituados maestros, sendo ele próprio um promissor na arte da direcção.
Esta página célebre e magistral, composta por Mozart em 1779, mostra a que ponto a estética de Mozart evoluía incessantemente: a riqueza da escrita orquestral, magnificada pela tonalidade de Mi b maior, só tem par na beleza das melodias entoadas num dueto de rara nobreza pelos instrumentos solistas – violino e viola, sobre o acompanhamento orquestral.
A parte da viola solo é escrita em Ré maior, em vez de Mi b maior, e o instrumento é afinado meio-tom acima, a denominada scordatura - que consiste no ajuste da afinação do instrumento, a fim de produzir um som mais brilhante. Este pormenor importantíssimo só demonstra que Mozart conhecia e amava a viola.
Mozart dá ao violino e à viola a mesma importância ao longo de toda a obra, mantendo um diálogo constante entre os dois instrumentos, e também entre estes e a orquestra. Nesta obra dá igualmente para perceber a diferença entre estes dois instrumentos.
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Deliciem-se com esta obra composta em três andamentos, Allegro Maestoso, Andantino e Presto, com a interpretação de Gidon Kremer no violino, a nossa querida Kim Kashkashian na viola, e a orquestra Filarmónica de Viena, sobre a direcção de Nikolaus Harnoncourt, numa gravação de 1984.
Kim Kashkashian nasceu a 31 de Agosto de 1952 em Detroit, Michigan, e é uma violetista Americana considerada das artistas mais talentosas da sua geração. Tem conquistado críticas elogiosas por todo o mundo.
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Kashkashian começou por tocar violino quando tinha apenas oito anos. Prosseguiu os seus estudos, optando por estudar viola no Peabody Conservatory com Walter Trampler e Karen Tuttle, tornando-se mais tarde sua assistente. Esta experiência como docente foi os alicerces de uma vida inteira dedicada ao ensino. Ocupou o seu lugar como professora em numerosas Academias e Universidades de grande renome.
A sua carreira do espectáculo, como a maioria dos violetistas, começou com a música de câmara. Mas, "a dado momento da minha vida percebi que se eu quisesse desenvolver as minhas habilidades de solista, eu precisava colocar-me debaixo de fogo. Foi assim que eu entrei em duas competições, o Lionel Tertis na Inglaterra e o Concurso ARD em Munique", obtendo o segundo e terceiro prémio respectivamente. Foi um grande passo para o reconhecimento do seu trabalho, acabando por ser convidada para gravar álbuns.
Kashkashian é uma intérprete de obras contemporâneas, estreando e gravando peças de novos compositores, ampliando assim, notoriamente, o repertório. Os seus álbuns ganharam prémios, nomeadamente Edison, em 1999 e o Prémio de Cannes de Música de Câmara, em 2000.
Em temporadas recentes, Kim Kashkashian tem sido solista com as principais orquestras de Nova Iorque, Berlim, Viena, Londres, Milão, Munique, Atenas e Tóquio, trabalhando com maestros como Riccardo Chally, Christoph Eschenbach e Riccardo Muti.
Kashkashian actualmente lecciona no New England Conservatory of Music em Boston.
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Recentemente assisti a um concerto com a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, em que Kim Kashkashian interpretouNeharót Neharót de Betty Olivero eTrauermusik de Paul Hindemith, sob a direcção de Carl St. Clair. Verdadeiramente surpreendente. Possui um enorme talento musical, uma enorme beleza sonora, uma capacidade artística impressionante. Foi um privilégio contactar pessoalmente com ela…
Esta obra foi composta por Mozart, numa altura em que ele defronta grandes dificuldades. Alguns amigos vieram em seu auxílio: o clarinetista Anton Stadler, Michael Pughberg e Jacquin que o acolheu em sua casa; Compõe para eles algumas obras entre elas o Trio, chamado «das Bolas», assim chamado por ter sido escrito durante uma partida de bolas no jardim de Jacquin. Terá sido o próprio Mozart a estrear a própria obra, tocando viola d’arco, juntamente com os seus amigos.
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Toda esta obra é cheia de ternura, de poesia bucólica, renunciando ao virtuosismo, tornando os três instrumentos numa fusão muito próxima.
No I andamento, Andante(mi b maior), Mozart escolhe um carácter íntimo, docemente embalado em 6/8, que evoca as sombras e a frescura, num jardim Vienense. O primeiro tema com o seu gruppetto característico, é apresentado pelo piano e pela viola, sob forma de pergunta-resposta, em oito compassos; depois encontra a sua forma perfeita no clarinete, levando pelos arpejos do piano, que por sua vez se apodera dele, sobre os arpejos da viola. Após uma «ponte» modulante, sobre a cabeça do tema, aparece a segunda ideia cantada pelo clarinete, sobre apoio do piano. Volta de novo o piano a retomar este segundo tema, ornamentando-o com o gruppetto do primeiro tema. Este primeiro tema será retomado quarenta e uma vezes durante este andamento! Segue-se um jogo de modulações e a coda final.
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A obra que vos apresento, tem a dignidade de ser interpretada com músicos de nacionalidade portuguesa. Ao piano António Rosado, reconhecido nacional e internacionalmente, António Saiote no clarinete, que tem demonstrado um percurso musical relevante, e a nossa querida Ana Bela Chaves na viola, que tanto nos tem honrado no mundo musical. Espero que gostem!
De nacionalidade Portuguesa, Ana Bela Chaves nasceu em Lisboa, em 1952 e tem hoje 58 anos. É uma das mais prestigiadas intérpretes da actualidade.
Iniciou os seus estudos musicais na Fundação Musical dos Amigos das Crianças e terminou com distinção em 1967 o Curso Superior de Viola d’Arco no Conservatório Nacional de Lisboa, na classe do Prof. François Broos.
Frequentou vários cursos de aperfeiçoamento e foi premiada com distinção em concursos internacionais.
Foi chefe de naipe na Orquestra Filarmónica de Lisboa e na Orquestra Gulbenkian e, há mais de 29 anos, ocupa o lugar de Primeira Violeta Solista da Orchestre de Paris.
Apresentou-se como solista com diversos organismos sinfónicos e de música de câmara, a nível internacional, sob a direcção de prestigiados maestros.
Foi responsável pela primeira audição mundial de várias obras dedicadas a ela, nomeadamente Quatro Peças em Suite para violeta e piano, de Fernando Lopes Graça e Sonata para violeta e piano Op. 94, de António Victorino D’Almeida (obra dedicada também a Olga Prats).
Ana Bela Chaves foi distinguida com as condecorações de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (Lisboa, 1997) e de Cavaleiro das Artes e das Letras da República Francesa (Paris, 2001). O Sindicato dos Músicos de Portugal outorgou-lhe em 2001 o Diploma de Honra e Louvor Sindical.
Originalmente composta para clarinete e piano, a Sonata em fá menor, op. 120 nº1, foi transcrita pelo próprio Johannes Brahms para viola e piano, tornando-se num pilar do repertório para Viola d’arco. ____________________________________
O áudio que vos apresento é uma versão muito antiga do I andamento desta sonata, numa interpretação do próprio Linel Tertis (1876 – 1975) ____________________________________
É uma das maiores obras-primas, e de uma excepcional liberdade melódica. O I andamentoAllegro Apassionato, inicia-se com uma pequena introdução sobre um tema em oitavas no piano. Na exposição aparecem seis temas, revelando uma permanente invenção rítmica. O breve desenvolvimento utiliza somente um tema da introdução, abstraindo-se dos restantes. A reexposição, em contrapartida, é absolutamente clássica, com o regresso dos temas na sua ordem inicial, ganhando em energia e em cores épicas. Apresenta uma coda – sostenuto espressivo -, à parte uma escapada temática fora do comum, incluirá um tema inaugural, na doçura duma inconfidência.
Lionel Tertis (Violetista Inglês) nasceu em West Hartlepool, a 29 de Dezembro de 1876. Tertis começou aos três anos de idade a tocar piano. A partir dos doze anos, toca já a nível profissional, para poder pagar aulas de violino, que iniciara, e comprar mais tarde o seu próprio instrumento.
Proseguiu a sua formação na Royal Academy of Music, e continuou a trabalhar, desta vez como violinista. Todavia, aos 19 anos, um outro estudante de violino da Academia, sugere a formação de um quarteto de cordas e convida-o para ser o violetista. Nesse momento, Tertis encontra o seu verdadeiro destino. Tertis fica insatisfeito com o seu professor de violino, que não poderia ensinar-lhe a tocar Viola. Por isso, decide continuar a estudar por si mesmo, ouvindo os grandes músicos, e tornando-se praticamente autodidacta. O seu ídolo era Kreisler. Ele adaptou o vibrato de Kreisler à viola, mantendo os dedos da mão esquerda continuamente vivos, e praticamente sobrepondo o vibrato de nota a nota. Rapidamente tornou-se num dos melhores violetistas do seu tempo, pelo seu virtuosismo e pela defesa da Viola d’Arco como um instrumento notável e imprescindível, viajando pela Europa e pelos E.U.A. como solista. Compositores como Arnold Bax, Frank Bridge e William Walton escreveram peças especialmente para ele. Em 1902 passa a ser professor de viola na Royal Academy of Music. Foi premiado com o CBE em 1950 e continuou a tocar em público até 1963. Tertis foi autor de uma série de publicações, entre elas: “Minha Viola e Eu”, que escreveu quando tinha 97 anos. Lionel Tertis foi o primeiro violetista que teve a coragem para alterar o estatuto da Viola d’Arco, e é graças a ele, que hoje em dia a viola é levada em consideração como um instrumento solista. Lionel Tertis morreu aos 99 anos, em Wimbledon (Londres), a 22 de Fevereiro de 1975. O “Concurso Internacional de Viola Lionel Tertis” foi criado em 1980, para honrar a sua memória.
MC
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Michael Kugel – Sonata para Viola e Piano – Rebecca Clarke A sonata para viola e piano que vos apresento foi composta por Rebecca Clarke em 1919. Na altura a jovem compositora inglesa estava também a evidenciar-se com algum sucesso como violetista. __________________________________
A primeira exposição da sonata para viola e piano foi a sua participação num concurso de composição. Dos vários registos, a obra de Rebecca Clarke empatou em primeiro lugar com uma peça do compositor suíço Ernest Bloch. Surgiu uma suspeita de que a obra fosse de um pseudónimo do sexo masculino, já que poucos imaginaram a possibilidade de uma mulher escrever tal música. A sonata é composta por três andamentos. O primeiro, marcado Impetuoso, começa com um tema vibrante da viola, antes de passar para uma linguagem harmónica e melódica. A sua linguagem é por vezes muito cromática, mostrando a invenção de Debussy na utilização de modos, e da escala de tons inteiros. O segundo andamento,Vivace, faz uso de muitos e interessantes 'efeitos especiais', como harmónicos e pizzicatos. O último andamento, Adagio - Allegro, é ao mesmo tempo pensativo e sensual na sua linguagem. No entanto, Clarke apresenta uma surpresa especial: surgindo com a reafirmação dos temas do primeiro andamento. A sonata termina com uma exibição exuberante, mostrando toda a potencialidade da viola, assim como do piano. Esta obra expansiva e poderosa alcançou um lugar no repertório violetístico. __________________________________
Dou-vos a conhecer uma interpretação da Sonata para Viola e Piano por Michael Kugel na viola. Espero que gostem!
Violetista Russo, Michael Kugel nasceu a 5 de Dezembro de 1946.
Começou por estudar violino na Escola de Música Beethoven e no Kharkov Music College, antes de entrar no Conservatório de São Petersburgo, onde estudou viola (com Juri Kramerov), composição e direcção.
Em 1975 ganhou o primeiro prémio no Concurso Internacional de Viola, em Budapeste (onde Yuri Bashmet e Thomas Riebl também foram finalistas).
Foi solista da "Orquestra Filarmónica de Moscovo", violetista do “Quarteto Beethoven” e professor nas mais prestigiadas instituições de Música. Michael Kugel apareceu em todo o mundo como solista e maestro com muitas das principais orquestras. Enriqueceu o repertório de viola não só com composições próprias (um Concerto, uma Sonata-Poema para viola solo, Suítes para Viola e Piano), mas também com muitos outros arranjos e transcrições.
Ele é o autor de dois livros: Viola sonata de Shostakovich e O Concerto para Viola de Bartók e A história de uma época e as Obras-primas da música instrumental, estando em fase de elaboração de outras obras essenciais do repertório de viola.
Tem participado em inúmeros Festivais de Música e dá regularmente masterclasses um pouco por toda a Europa.
Michael Kugel foi membro do júri para as competições internacionais de viola em Inglaterra, Áustria, Israel, E.U.A., Croácia, Bélgica, Alemanha, etc… Gravou cerca de 20 discos e também fez várias gravações com uma viola d'amore.
Michael Kugel é o fundador e Presidente da Sociedade Belga de Viola.
Carl Maria von Weber (1786-1826), foi um dos pioneiros do Romantismo alemão, no início do século XIX. Weber escreveu a primeira versão do Andante e Rondó Húngaro para viola e orquestra, op. 35 em 1809, dedicando-a ao seu irmão violetista Fritz. Em 1813 foi transcrita para fagote pelo próprio compositor, a pedido do fagotista Georg Friedrich Brandt. ________________________________________
O Andante e Rondó Húngaro é um dos trabalhos que ilustra o fascínio pelo antigo Império Austro-Húngaro, pelos tradicionais elementos culturais das regiões da Hungria. Weber não foi o primeiro nem o último a integrar elementos da música húngara a fim de compor uma peça.
O Andante apresenta uma melodia extremamente simples, sobre as cordas em pizzicato, seguindo-se três variações. Na primeira, a orquestra toca o tema original, enquanto a viola tece em torno dele. O solista desenvolve a segunda variação em mais um romance. A terceira variação chega com a viola apresentando um papel ainda mais marcante.
A forma Rondó, ou Rondo em italiano e em francês Rondeau, é uma composição musical onde há uma frase recorrente (A), fácil de memorizar, geralmente leves e alegres, alternadas com várias frases novas (B, C, etc.), com diferente carácter e humor. A estrutura do rondó seria então ABACA…
Na obra musical apresentada, a frase recorrente no Rondó é retirada de uma melodia popular Húngara, entrelaçada com uma série de episódios. No final a viola dedica-se a efeitos virtuosos, num final particularmente amável. ________________________________________
Dou-vos a conhecer a obra com Yuri Bashmet na viola solo e direcção musical, e os Solistas de Moscovo.
Yuri Bashmet nasceu a 24 de Janeiro de 1953. É um violetista e maestro Russo.
Estudou no Conservatório de Moscovo com Vadim Borisovsky - violetista do Quarteto Beethoven. Após a morte deste, continuou a sua formação com Fyodor Druzhinin, de quem viria a ser assistente, tornando-se no mais jovem professor de sempre do Conservatório de Moscovo.
Em 1972, Bashmet comprou uma viola de 1758 fabricada pelo luthier Paolo Testore, que ainda usa em apresentações. Foi premiado em vários concursos de viola, atraindo o reconhecimento internacional. Desde então, apresentou-se com as mais destacadas orquestras mundiais, incluindo a Filarmónica de Berlim, a Filarmónica de Viena, a Sinfónica de Boston, a Sinfónica de Chicago, a Sinfónica de Montreal, a Filarmónica de Los Angeles, a Filarmónica de Londres, entre outras.
O talento de Yuri Bashmet inspirou numerosos compositores contemporâneos que escreveram obras para viola d’ arco que lhe foram dedicadas, estabelecendo relações particularmente próximas com Alfred Schnittke e Sofia Gubaidulina.
Em 1992 fundou os Solistas de Moscovo, agrupamento que dirige e com o qual se apresenta em todo o mundo.
Desde 2002, Yuri Bashmet é maestro principal da Orquestra Sinfónica da Nova Rússia, tendo dado numerosos concertos e realizado digressões por diversos países.
No domínio da música de câmara colaborou com muitos artistas de renome, incluindo Sviatoslav Richter, Gidon Kremer, Mstislav Rostropovich, Maxim Vengerov, Natalia Gutman, Viktoria Mullova e o Quarteto Borodin.
Gravou um vasto repertório discográfico, tendo sido reconhecido, e nomeado para um Grammy Award.
Harold en Italie, op. 16, é uma obra sinfónica para viola solo e orquestra, composta por Hector Berlioz em 1834. _____________________________________
Niccolò Paganini, compositor e violinista virtuoso, após adquirir uma soberba viola Stradivarius, incentivou o compositor Berlioz a escrever a obra Harold en Italie. Berlioz começou a compor para viola solo, envolvendo também a orquestra, de modo a não reduzir a eficácia da sua contribuição. Quando Paganini viu o esboço, não aceitou, pois esperava tocar continuamente a solo. Acabaram-se por se separar, deixando Paganini decepcionado. Mais tarde reconciliaram-se, quando Paganini se apercebeu da qualidade da obra musical.
Efectivamente Harold en Italie não é um concerto para viola - daí o espanto inicial de Paganini. A parte de viola é na verdade livre de um extremo exibicionismo técnico. A obra acaba por ser uma obra sinfónica para viola solo e orquestra, dividida em quatro andamentos:
I. Harold aux montagnes(Harold nas montanhas) - Cenas de melancolia, felicidade e alegria de Harold nas montanhas. A orquestra (violoncelos e contrabaixos) instala logo um clima sombrio e misterioso num andamento fortemente cromatizado, dando lugar a uma melodia nas madeiras, até que a viola se apresenta na íntegra com o tema de Harold, a denominada ideia fixa. O andamento continua a sua subida em alegria com um efervescente e implacável allegro, permitindo a viola reafirmar a ideia fixa, sobrepondo-se a um outro fugato, antes de acelerar o ritmo levando o andamento ao fim.
II. Marche des pélerins chantant Prière du soir (Marcha dos peregrinos cantando o hino à noite) - É a evocação de uma procissão de peregrinos no campo, escutando-se a marcha ao longe que se aproxima e depois se afasta. O andamento é notável pelas suas modulações ousadas. A viola entra novamente na secção do meio, liricamente apresentando a ideia fixa na periferia da marcha, antes de assumir um papel de acompanhamento - como uma procissão que se move para longe.
III. Sérénade d'un montagnard des Abruzzes à sa maîtresse(Serenata de um alpinista dos Abruzzos à sua amante) – Começa com uma réplica exacta de "gaitas" italianas. O efeito rústico é concluído totalmente com a introdução da melodia principal (a serenata) pelo corne inglês. A viola reafirma a melodia da ideia fixa e o movimento desenvolve-se com Berlioz a expor o contraponto entre as duas melodias. Termina o andamento num tom aparentemente pacífico.
IV. Orgie des brigands (Orgia de bandidos) – A introdução da viola lembra várias ideias temáticas dos andamentos anteriores, rudemente interrompido pelo acorde fortissimo de toda a orquestra - impetuoso ritmo que forma a orgia em si. Retoma a viola brevemente com a Marche des pélerins e uma declaração final do tema de Harold, como uma lembrança nostálgica do compositor. _____________________________________
Harold em Itália estreou a 23 de Novembro de 1834 com a Orchestre de la Société des Concerts du Conservatoire, com Chrétien Urhan na viola, sobre a direcção de Narcisse Girard.
Dou-vos a conhecer a obra Harold en Italie, op. 16, com Tabea Zimmermann na viola e a orquestra de Paris, sob a direcção de Christoph Eschenbach - Sem dúvida uma obra encantadora…
Nota: A chefe de naipe das violas d’arco é a nossa querida violetista Portuguesa, Ana Bela Chaves, que há muitos anos integra a Orquestra de Paris!
Tabea Zimmermann, nascida a 8 de Outubro de 1966 em Lahr, na Alemanhã, é uma violetista muito conceituada da actualidade.
Ela começou a aprender a tocar viola com três anos de idade. Aos 13 anos de idade, foi estudar para o Conservatório de Freiburg com Ulrich Koch, e prosseguiu os estudos com Sándor Végh no
Mozarteum (Universidade de Salzburgo).
Logo alcançou notoriedade em competições internacionais, ganhando os primeiros prémios em Genève (1982), Budapeste (1984), e Maurice Vieux - Concurso Internacional de Viola, em Paris (1983), no qual foi premiada com um excelente instrumento feito pelo luthier Vatelot Étienne em 1980, instrumento que desde então a tem acompanhado em tournées de concertos por todo o mundo.
Como solista já tocou com numerosas orquestras, incluindo a Orquestra Gewandhaus de Leipzig, a Orquestra Filarmónica de Berlim, a Filarmónica da BBC, a Orchestre de la Suisse Romande, sob a direcção de conceituados maestros.
Altamente comprometida com o repertório do século XX, ela atingiu sucesso notável com a estreia em 1994 da Sonata para viola solo, de György Ligeti.
Leccionou classes de viola d’arco a nível superior em reconhecidas Universidades, e desde 2002 é professora de viola e música de câmara na Hanns Eisler Academy of Music, em Berlim. As suas realizações e contribuições artísticas valeram-lhe inúmeros prémios nacionais e internacionais.
Para muitos uma descoberta, para outros um diário de estudo, este blog proporciona uma proximidade com a viola d'arco, um instrumento musical amado por quem nele mergulha.
Sendo a música a arte dos sons, no sentido em que expressa ideias e emoções através do ritmo, melodia, harmonia e cor, assim pretendo também neste blog expressar e retribuir o meu carinho proporcionado por este instrumento...